segunda-feira, novembro 06, 2006


Katarzyna Widmanska

Tudo o que aprendi de outras viagens, de nada me serve agora. Terei que aprender tudo outra vez. O olhar. A pele. A voz. O corpo.
Nunca me poderia ter preparado para ti. Porque tu nunca foste sequer uma suspeita.
Vieste sem te chamar. De mansinho. De surpresa. E ficaste tão perto que ocupaste a minha pele.


(…) Mas ainda não conheço o rosto do medo que nos afasta.


Maria José Quintela, Um olhar não basta

9 comentários:

Anónimo disse...

Há no fundo da memória inscrições antigas que o tempo se encarregou de esconder atrás de nós. Para nos preservar da loucura. Para nos dar o benefício da dúvida.
A memória simboliza a oportunidade da vida se cumprir ainda com gestos inocentes.

É estranho, mas foi uma surpresa muito grande ver-me citada neste blog que eu descobri por acaso.
Obrigada IMA e parabéns por este "lugar tranquilo".

Maria José Quintela

Anónimo disse...

"Eu Sei"
De Sara Tavares

Se eu voar sem saber onde vou
Se eu andar sem conhecer quem sou
Se eu falar e a voz soar com a manhã
Eu Sei...

Se eu beber dessa luz que apaga
A noite em mim
E se um dia eu disser
Que já não quero estar aqui
Só Deus sabe o que virá
Só Deus sabe o que será
Não há outro que conhece
Tudo o que acontece em mim

Se a tristeza é mais profunda que a dor
Se este dia já não tem sabor
E no pensar que tudo isto já pensei
Eu sei...

Se eu beber dessa luz que apaga
A noite em mim
E se um dia eu disser
Que já não quero estar aqui
Só Deus sabe o que virá
Só Deus sabe o que será
Não há outro que conhece
Tudo o que acontece em mim

Se eu beber dessa luz que apaga
A noite em mim
E se um dia eu disser
Que já não quero estar aqui
Na incerteza de saber
O que fazer, o que querer
Mesmo sem nunca pensar
Que um dia o vá expressar
Não há outro que conhece
Tudo o que acontece em mim.

Anónimo disse...

Acabou
Acabou
Já não vou mais atrás de ti
vou deitar-me meia-hora
Acabou
não vou ficar na tua memória
não vou esfregar a minha cara na tua memória
vou bocejar
vou-me espreguiçar
vou espetar uma agulha de crochê
pelo nariz acima
e arrancar o cérebro
Não te quero amar
a vida inteira
quero que a tua pele
caia da minha pele
quero que a minha garra
deixe a tua garra
não quero viver
com a língua de fora
e outra canção nojenta
em vez
do meu taco de basebol
Acabou
agora vou dormir minha querida
Não tentes impedir-me
vou dormir
terei um rosto macio
e baba na boca
estarei a dormir
quer me ames ou não me ames
Acabou
A Nova Ordem Mundial
das rugas e do mau hálito
Já nada vai ser
como era antes
quando te comia
com os meus olhos fechados
esperando que não te levantasses
e fosses embora
Agora vai ser uma coisa diferente
uma coisa pior
uma coisa mais estúpida
uma coisa como esta
mas ainda mais pequena


Leonard Cohen, in Book of Longing (2006)
(traduzido por P.M.)

Unknown disse...

Estás tão difícil de ler...
Que foi que aconteceu?
O beta?
beijo.

Ima disse...

Difícil de ler?! Ainda não dei por nada, mesmo noutros pcs...
Será que há mais alguém a queixar-se?

Anónimo disse...

Obrigado à Maria José Quintela, autora do livro "Um Olhar Não Basta", por manifestar-se e dar "voz" neste cultural e magnífico blog "Nome de Código" de IMA. Gostei do que a Maria José Quintela postou, como aprecio a sua escrita. Obrigado, novamente, a IMA por conduzir tão eficazmente e bem este blog, tal como por o ter construído.

Anónimo disse...

Obrigada Pedro. Procurarei estar atenta a este blog e participarei sempre que o impulso da escrita transbordar de mim.

Maria José Quintela

Ima disse...

À Maria José e ao Pedro, um muito obrigada pela colaboração e pelo carinho...
Terei a ousadia de "roubar" para os meus posts os V. contributos, sempre que os sinta adequados ao espírito do blog e também, (porque não admiti-lo?)ao meu próprio estado de espírito...
Já pensou em fazer o seu próprio blog, Maria José? Tenho a certeza que seria um prazer para todos nós ler aquilo que escreve, além de um enriquecimento evidente para a blogosfera...

Anónimo disse...

Obrigada IMA. Estou a iniciar-me no mundo fascinante dos blogs. Não sei se "o meu tempo" permitirá alguma brecha para pensar seriamente na sua sugestão.Entretanto, será um prazer contribuir para o seu blog, com o qual me identifico. E não me incomoda nada ser "roubada"!
E, por falar em tempo...

Divido o tempo em pedaços. Desiguais, é claro. Pedaços de tempo passado, pedaços de tempo presente. Que o tempo do futuro é só um truque para justificar a esperança...

Maria José Quintela