sexta-feira, novembro 24, 2006


Jaeda De Walt

O coração era meu. Um território que queimava o resto do corpo. Pássaros eram os olhos dele. E tudo o que eu queria era que aqueles olhos nunca mais se desviassem dos meus. E que alimentassem eternamente aquela chama que me fazia saltar de nuvem em nuvem.

Muito tempo se passou até que eu descobrisse que outros pássaros podiam alimentar outras chamas. Porque o coração quer dos pássaros as asas. E com elas, construir novos sonhos.

aqui

1 comentário:

Anónimo disse...

IMPULSOS

Num impulso
um gesto determinado;
num impulso,
um gesto não desejado...

Gestos dependentes de um impulso
são contrastes da vontade,
meias mentiras
ou meias verdades...
e o impulso
(raro gesto de coragem)
solta-se desprevenido
em jeito livre
e destemido...
talvez
único elo de energia
de uma vida parada,
num tempo que voa e se escoa
no nada...

Vingança da consciência,
ira contra a aparência
ou simples sobrevivência?

E a alma, à deriva,
sem espaço cativo,
encara a pequenez do corpo
vivo...
surpreendida!
(onde nasce o impulso?

E quantos gestos inúteis!
E tantas palavras fúteis!

maria josé quintela