terça-feira, dezembro 18, 2007


Mietek Kalinowski


...tivesse ainda tempo e entregava-te
o coração

José Tolentino Mendonça

sexta-feira, dezembro 14, 2007


vladimir

Será que te lembras? será que me lembro?

Teresa Balté

terça-feira, dezembro 11, 2007


Maria Bogdanova

A distância do meu corpo ao teu grito
corresponde à do teu sopro ao meu ouvido

eis a anatomia do silêncio

Teresa Balté

quarta-feira, dezembro 05, 2007


Tracye Shearin

Quando amanhece penso:
Encontro-te no vento...

...

amanhã alegro-me de novo:
Imagino a floresta, parto o espelho
e recomeço a ir ao teu encontro.



Teresa Balté

quinta-feira, novembro 22, 2007


Jaeda De Walt

só com a linguagem dos corpos
consigo responder à letra
ao teu silêncio



Fernando Diniz

terça-feira, novembro 20, 2007


Barteczko,Michal

Entras como um punhal
até à minha vida.
Rasgas de estrelas e de sal
a carne da ferida.

Dá-me um beijo ou a morte...

Fernando Echevarría

quarta-feira, novembro 14, 2007


karol liver

Olá. (Tenho saudades.) Hoje lembrei-me de ti, não (tenho feito outra coisa ) imagino porquê. Que tal almoçarmos (agora ) um dia destes? Apetece-me (corromper-te com beijos) conversar contigo. Lanchar, se te der mais jeito e (desvirginar o teu silêncio com a minha língua )ouvir-te falar. Preciso de saber (que ainda me queres) o que tens andado a ler. Já nem sei o que te costumava dizer, mas (ainda soletro de cor as palavras com que me vestiste) que não seja por isso: o exercício (do amor) da amizade é como andar de bicicleta. Sei que tens muito trabalho (quero lá saber) e que mal te lembras de mim (atreve-te a esquecer-me). Mas, para um (amor) amigo, arranjamos sempre um bocadinho. Uma (vida) hora, é só o que te peço. Naquele hotel da baixa, o que tem (o quarto) a esplanada de frente para o rio, lembras-te? Em não podendo ser, (morro) deixa estar. Talvez para a próxima (reencarnação).

Roubado aqui

sábado, novembro 10, 2007

breve encontro


Scott Murdoch

Este é o amor das palavras demoradas
Moradas habitadas
Nelas mora
Em memória e demora
O nosso breve encontro com a vida

Sophia de Melo Breyner Andersen

quinta-feira, novembro 08, 2007



Suspensa sem ti , está a minha vida.
Suspensa de ti.

Suspensa.

terça-feira, novembro 06, 2007

Canção contra o destino


Fima Gelman

... se é para morrer
que seja como o amor:
tanto e sempre
que não será derradeira a última vez...

Mia Couto

segunda-feira, novembro 05, 2007

Sem depois


Marta Bauza

Todas as vidas gastei
para morrer contigo.

E agora
esfumou-se o tempo
e perdi o teu passo
para além da curva do rio.

Rasguei as cartas.
Em vão: o papel restou intacto.
Só os meus dedos murcharam, decepados.

Queimei as fotos.
Em vão: as imagens restaram incólumes
e só os meus olhos
se desfizeram, redondas cinzas.

Com que roupa
vestirei minha alma
agora que já não há domingos?

Quero morrer, não consigo.
Depois de te viver
não há poente
nem o enfim de um fim.

Todas as mortes gastei
para viver contigo.

Mia Couto

terça-feira, outubro 30, 2007


Michele Clement

...e foi por isso que nessas noites morri muitas vezes
enquanto as secretas palavras de adeus alastravam
pela foz do teu desejo
e a minha pele se despia
vagarosamente da tua



Alice Vieira

segunda-feira, outubro 22, 2007


Alejandra Chaverri

faz-se tarde
e eu deixei de esperar-te.

todos os portos se fecham sobre mim
e a floresta adensa-se.

nenhuma clareira se abre à passagem dos
animais e do homem antigo.

são 4 horas na manhã de todos os relógios.

José Agostinho Baptista,

sexta-feira, outubro 19, 2007

Dime


Joanna Nowakowska

Dime, aunque tengas que mentirme un poco, que no estamos perdidos,
que aún hay grietas por las que puede entrar algún consuelo,
que esto no es otro de esos callejones sin salida y sin luz donde espantarnos,
donde perder la fe y ganar el llanto.

Convénceme, prométeme la vida.

Amália Bautista

terça-feira, outubro 16, 2007

hoje


Sweetcharade


Hoje sinto-me assim...




segunda-feira, outubro 15, 2007



...diz-me qual a ponte
que separa a tua vida da minha,
em que hora negra, em que cidade chuvosa,
em que mundo sem luz está essa ponte
e eu a cruzarei...

Amalia Bautista

quinta-feira, outubro 11, 2007


Roberto Palladini

É todo meu o teu silêncio

ecoa dentro de mim
ensurdecedor.

terça-feira, outubro 09, 2007


Ron Ricardo

No fundo, tenho medo. Medo de te voltar a ver. Medo de que as minhas mãos voltem a ser mãos outra vez e disparem dos pulsos para te despentear o cabelo ...


Medo de dar com os teus olhos e de neles mergulhar de cabeça, de engolir pirulitos, nadar-te e por ti ficar, num boiar infinito. No fundo, tenho medo de que a mera possibilidade da tua presença me diminua a graça dos dias. Por isso me quedo.



um amor atrevido

quinta-feira, outubro 04, 2007

diz-me


Jean-Paul Nacivet

Diz-me como esquecer.
Diz-me qualquer coisa que me faça esquecer
como era


morrer nos teus braços

terça-feira, outubro 02, 2007


Natalie Shau

Vem de longe a tua voz.
De tão longe que duvido de mim mesma ao ouvi-la. Será que te ouço ou será a mim mesma que escuto?
Serão minhas as palavras que murmuras, serei ainda eu? Ou serão apenas ecos do amor que fui, que foste um dia?

segunda-feira, outubro 01, 2007


Pablitkowy

... Já ansiámos corpos ausentes
como um rio anseia pela foz
já fizemos tanto e tão pouco
que há-de ser de nós?

Que há-de ser do mais longo beijo
que nos fez trocar de morada
dissipar-se-á como tudo em nada?...

Sérgio Godinho

domingo, setembro 30, 2007


Evgeniy Shaman

Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus...



Fernando Pessoa

quinta-feira, setembro 27, 2007

talvez


edyta pilichochovka

talvez

só o poema que nunca escreverei venha a ser verdadeiro


David Gascoyne

quarta-feira, setembro 26, 2007


scarletohara

Freqüentemente me esqueço
e quero o teu corpo
para amá-lo, abrigar-me nele,
por ele me deixar amar
atravessada de prazer...

o desejo atendido,
a atender-te...

Silvia Chueire

segunda-feira, setembro 24, 2007

caligrafia


Michael Watkins

...amores antigos, frases que os descrevam
...

Os anos passam, o absoluto
cobre-se de fuligem
e as cartas têm menos valor
pela paixão
que pelo estudo da caligrafia

Pedro Mexia

quarta-feira, setembro 19, 2007


Gardabelle

passa-se o tempo
e o meu amor não passa

há certa ternura
na mágoa desta (des)esperança

silvia chueire

sábado, setembro 15, 2007

Post scriptum


Domenique Heidy

Afasto de ti com
raiva surda

o corpo
as mãos
o pensamento...

E digo este meu vício
dos teus olhos
de um verde tão lento
muito lento

Se penso que te deixo
já te quero

Se penso que recuso
já te anseio

Se penso que te odeio
já te espero

e torno a oferecer-te
o que receio

Se penso que me calo
já te grito

Se penso que me escondo
já me ofereço

Se penso que não sinto
é porque minto

Se penso que me olhas
já estremeço

Maria Teresa Horta





terça-feira, setembro 11, 2007


monica antonelli

queria morrer contigo
não queria morrer de ti ...

Pedro Sena Lino

sexta-feira, setembro 07, 2007


lilya corneli


quanto tempo ainda se passará
neste jogo de espelhos...

quanto tempo
até que não haja mais tempo?

silvia chueire


(poema completo aqui)

quinta-feira, setembro 06, 2007


Jens Schade

Si dices una palabra más,
me moriré de tu voz,
que ya me está hincando el pecho,
que puede traspasarme el pecho
como una aguda, larga, exquisita espada.

Si dices una palabra más
con esa voz tuya, de acero, de filo y de muerte;
con esa voz que es como una cosa tangible
que yo podría acariciar, estrujar, morder;
si dices una palabra más
con esa voz que me pones de punta en el pecho,
yo caería atravesada, muerta
por una espada invisible,
dueña del camino más recto a mi corazón.

Dulce Maria Loynaz

terça-feira, setembro 04, 2007

murmuras


Barbara Cole

murmuras uma canção aos meus ouvidos
e os meus pensamentos estremecem(...)

murmuras a canção
e sei:
é inescapável a viagem.

as águas turbulentas cristalinamente
tentadoras,
a me chamarem:
vem.

silvia chueire

segunda-feira, setembro 03, 2007


Cristian Mereuta

Aguardo-te, embora nem sempre te espere. (..)

Aguardo que te rebentes como um dique e que inundes tudo à tua passagem, ensopando terras e arrastando telhados, na torrente inevitável que será desaguares-te em mim. Serei então o declive, a descida a pique num ângulo impossível, o resvalo mais perigoso e a zona estupidamente baixa para onde encaminharás as tuas águas passadas. (...)

Aguardo-te no ar que vou farejando como um perdigueiro, no ouvido de batedor experiente que tem dias colo ao chão e neste pau de vedor que seguro entre mãos e que teima em apontar para ti. Sabes que te aguardo (embora nem sempre te espere) e que um dia virás e cairás, por fim, exausto, nos meus braços de lama e que nos amaremos por entre os destroços da enxurrada, até que alguém nos resgate.

Um amor atrevido

domingo, setembro 02, 2007



Carla Salgueiro


Fechar no punho os estilhaços
os fragmentos que conservo do teu nome
e permitir que o corte se prolongue
pela mäo
pelo braço
pelas têmporas
até que a repetida sentença da carne
atravesse a cartilagem e o osso
e se consuma no rito de um flagelo
apenas comparável à tua ausência.

Laura C. Skerk

sexta-feira, agosto 31, 2007



Acontece na vida de toda a gente. De repente, a porta que se fechou entreabre-se, a grade que se acabou de descer volta a erguer-se, o não definitivo já não é senão um talvez, o mundo transfigura-se, um sangue novo corre-nos nas veias. É a esperança. Pena suspensa. O veredicto de um juiz, de um médico, de um cônsul fica adiado. Uma voz anuncia-nos que nem tudo está perdido. Trémulos, com lágrimas de gratidão nos olhos, passamos para o aposento seguinte, onde nos pedem para esperarmos, antes de nos lançarem no abismo.

Nina Berberova, Terra de Ninguém

terça-feira, agosto 28, 2007


Joanna Nowakowska

…Como um cego, agora, vagueio na memória
tacteio os frágeis muros onde a sombra derramaste,
esbarrando na tua lembrança, mesmo à beira do que já não existe,
infantil e torpe. Treme nas minhas mãos um punhal.
Para onde foi o amor.
Eis as palavras para uma despedida.

Juan Luís Panero

segunda-feira, agosto 20, 2007

Ainda que mal


Piotr ROSINSKI

Ainda que mal pergunte,
ainda que mal respondas;
ainda que mal te entenda,
ainda que mal repitas;
ainda que mal insista,
ainda que mal desculpes;
ainda que mal me exprima,
ainda que mal me julgues;
ainda que mal me mostre,
ainda que mal me vejas;
ainda que mal te encare,
ainda que mal te furtes;
ainda que mal te siga,
ainda que mal te voltes;
ainda que mal te ame,
ainda que mal o saibas;
ainda que mal te agarre,
ainda que mal te mates;
ainda assim te pergunto
e me queimando em teu seio,
me salvo e me dano:

amor.

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, agosto 17, 2007

luto tenaz


Carla Salgueiro

é claro que penso em ti todos os dias. todos. penso com raiva, penso
com uma revolta transtornada, e depois, depois penso com uma
tristeza que me invade inteira, qualquer coisa que me derruba, que
me mata, e que esquecendo-me te esquece. até ao dia seguinte, é
claro.


Sarah Adamopoulos

quarta-feira, agosto 08, 2007

se eu soubesse


Eugeny Kozhevnikov

soubesse eu dos dias verdes
em que a música é tão distante
e o mar rebelado.

soubesse eu do que me esperava,
enquanto escrevia palavras,
com a boca a servir de paleta e pincel
nos desenhos perdidos
em ti;

soubesse eu do vendaval que havia de vir,
depois daquelas horas nas quais corremos livres
pela relva na felicidade sem palavras com palavras
de um amor desmedido;

soubesse eu de todas as coisas
que ainda hoje desconheço,
e não fosse um rio a desaguar no oceano
e não tivesse olhos glaucos e crédulos
num corpo que navegava livremente;

soubesse eu que certas coisas tu não sabias
e do vasto porto mar a avistar-se de santa luzia;

teria dado os exatos mesmos passos,
entregues ao vermelho da paixão.

silvia chueire



terça-feira, agosto 07, 2007

Cielo


Ricardo Costa

Una sombra de pájaros se aleja

hacia ese lugar donde me olvidas.


Belén Sánchez

segunda-feira, agosto 06, 2007


Tim Peterson

o amor torna a morte mais difícil
a Primavera sem ti será possível?

tua veia incendeia a madrugada
a sombra que desfere és tu ainda

Teresa Balté, Requiem

quinta-feira, agosto 02, 2007


Lilya Corneli

Para sempre

terça-feira, julho 31, 2007

compasso de espera


Peter Berghman

Nos agudos cristais do cilício da ausência,
em silêncio rebenta, em silêncio, o teu rosto...

Se a tua voz não vem (... )
como hei-de suportar este silêncio todo?

David Mourão Ferreira

domingo, julho 29, 2007

motim


wiesz


quisera ser

outra nesta noite

outra pessoa

mas ela

a que zela

a raíz

a que não voa

não me deixa.




Sarah Adamopoulos

quarta-feira, julho 25, 2007

saberás


She

Saberás que penso em ti
porque escrevo um poema
mais forte que o poeta,
um poema que traz o teu nome
escrito a medo
em segredo
com a intensidade de uma quilha
abrindo as asas do sonho.
Saberás que me traí traindo
a promessa de te fingir morto
e que te quis querendo
a lua outra vez a lua e o corpo.

Ana Rita Calmeiro

sexta-feira, julho 20, 2007


Barbara Cole

Quem dera, fosse tão fácil, despir-me de ti como deste vestido, quando a areia da praia me namorisca os pés...

Um amor atrevido

quarta-feira, julho 18, 2007


Carla Salgueiro

My heart
Too pround to ask itself: would it be loved?


Fernando Pessoa

terça-feira, julho 17, 2007


Steven James Brown

Nem mais uma palavra. Nem uma
direi de parto ou perto do ouvido vazio.
Há outra luz, eu sei: não me condenarão.
E à luz pasmada que sobre o mar se deita,
calado, qual de barco, prenhe vou estoirar
dispersado no vento – e então sussurrarei
as letras que não leio – nem lerás.

Pedro Tamen

domingo, julho 15, 2007


Roberta Zanutto

Quando se perde alguém nunca é
exactamente a mesma pessoa que regressa.

Sharon Olds

quarta-feira, julho 11, 2007


thomas kreyn

ainda te procuro.
vejo-te nos lugares que tomaste para ti,
toco-lhes e encontro a tua ausência.


minha voz nada diz,
as palavras coladas à mágoa
cristalizam-se nos lábios.


silvia chueire

segunda-feira, julho 09, 2007


Carla Salgueiro

querer
é querer ser um nome.
é querer ter um nome.
é querer gritar um nome.

Joana, aqui