domingo, setembro 30, 2007


Evgeniy Shaman

Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus...



Fernando Pessoa

quinta-feira, setembro 27, 2007

talvez


edyta pilichochovka

talvez

só o poema que nunca escreverei venha a ser verdadeiro


David Gascoyne

quarta-feira, setembro 26, 2007


scarletohara

Freqüentemente me esqueço
e quero o teu corpo
para amá-lo, abrigar-me nele,
por ele me deixar amar
atravessada de prazer...

o desejo atendido,
a atender-te...

Silvia Chueire

segunda-feira, setembro 24, 2007

caligrafia


Michael Watkins

...amores antigos, frases que os descrevam
...

Os anos passam, o absoluto
cobre-se de fuligem
e as cartas têm menos valor
pela paixão
que pelo estudo da caligrafia

Pedro Mexia

quarta-feira, setembro 19, 2007


Gardabelle

passa-se o tempo
e o meu amor não passa

há certa ternura
na mágoa desta (des)esperança

silvia chueire

sábado, setembro 15, 2007

Post scriptum


Domenique Heidy

Afasto de ti com
raiva surda

o corpo
as mãos
o pensamento...

E digo este meu vício
dos teus olhos
de um verde tão lento
muito lento

Se penso que te deixo
já te quero

Se penso que recuso
já te anseio

Se penso que te odeio
já te espero

e torno a oferecer-te
o que receio

Se penso que me calo
já te grito

Se penso que me escondo
já me ofereço

Se penso que não sinto
é porque minto

Se penso que me olhas
já estremeço

Maria Teresa Horta





terça-feira, setembro 11, 2007


monica antonelli

queria morrer contigo
não queria morrer de ti ...

Pedro Sena Lino

sexta-feira, setembro 07, 2007


lilya corneli


quanto tempo ainda se passará
neste jogo de espelhos...

quanto tempo
até que não haja mais tempo?

silvia chueire


(poema completo aqui)

quinta-feira, setembro 06, 2007


Jens Schade

Si dices una palabra más,
me moriré de tu voz,
que ya me está hincando el pecho,
que puede traspasarme el pecho
como una aguda, larga, exquisita espada.

Si dices una palabra más
con esa voz tuya, de acero, de filo y de muerte;
con esa voz que es como una cosa tangible
que yo podría acariciar, estrujar, morder;
si dices una palabra más
con esa voz que me pones de punta en el pecho,
yo caería atravesada, muerta
por una espada invisible,
dueña del camino más recto a mi corazón.

Dulce Maria Loynaz

terça-feira, setembro 04, 2007

murmuras


Barbara Cole

murmuras uma canção aos meus ouvidos
e os meus pensamentos estremecem(...)

murmuras a canção
e sei:
é inescapável a viagem.

as águas turbulentas cristalinamente
tentadoras,
a me chamarem:
vem.

silvia chueire

segunda-feira, setembro 03, 2007


Cristian Mereuta

Aguardo-te, embora nem sempre te espere. (..)

Aguardo que te rebentes como um dique e que inundes tudo à tua passagem, ensopando terras e arrastando telhados, na torrente inevitável que será desaguares-te em mim. Serei então o declive, a descida a pique num ângulo impossível, o resvalo mais perigoso e a zona estupidamente baixa para onde encaminharás as tuas águas passadas. (...)

Aguardo-te no ar que vou farejando como um perdigueiro, no ouvido de batedor experiente que tem dias colo ao chão e neste pau de vedor que seguro entre mãos e que teima em apontar para ti. Sabes que te aguardo (embora nem sempre te espere) e que um dia virás e cairás, por fim, exausto, nos meus braços de lama e que nos amaremos por entre os destroços da enxurrada, até que alguém nos resgate.

Um amor atrevido

domingo, setembro 02, 2007



Carla Salgueiro


Fechar no punho os estilhaços
os fragmentos que conservo do teu nome
e permitir que o corte se prolongue
pela mäo
pelo braço
pelas têmporas
até que a repetida sentença da carne
atravesse a cartilagem e o osso
e se consuma no rito de um flagelo
apenas comparável à tua ausência.

Laura C. Skerk