quarta-feira, janeiro 31, 2007


Darren Holmes

Ahuyentemos el tiempo, amor,
que ya no exista;
esos minutos largos que desfilan pesados
cuando no estás conmigo
y estás en todas partes
sin estar pero estando.
Me dolés en el cuerpo,
me acariciás el pelo
y no estás
y estás cerca,
te siento levantarte
desde el aire llenarme
pero estoy sola, amor,
y este estarte viendo
sin que estés,
me hace sentirme a veces
como una leona herida,me retuerzo
doy vueltas
te busco
y no estás
y estás
allí
tan cerca.

Gioconda Belli

terça-feira, janeiro 30, 2007


Tiago Estima

escrevo na água

para que as palavras alcancem os barcos que afundam

e assim possam chegar aos portos
à hora dos reencontros

escrevo na água para salvar os barcos

Maria José Quintela, aqui

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Perdida


Erotyk z jaskółkami

Fecha-me na tua mão
Se me fechares na tua mão estarei segura
Se me guardares na tua mão nem os
meus

medos
De mim saberão e de mim perderão todos

os sinais.
Depois…

Depois leva-me para onde fores
Num bolso fechada
Num canto do peito escondida
Que de mim me quero perdida
E por ti perdida de amores


Encandescente

domingo, janeiro 28, 2007


Jaeda De Walt

Era um tempo feliz, mas
não sabias. Tu não sabias
da vida
a insólita metade, o trecho
indecifrável dos dias após
dias, as linhas da mão
que pousou nas tuas...

António Mega Ferreira

sexta-feira, janeiro 26, 2007

A culpa é da vontade


Nicola Ranaldi

a culpa não é do sol
se o meu corpo se queimar
a culpa é da vontade
que eu tenho de te abraçar
a culpa não é da praia
se o meu corpo se ferir
a culpa é da vontade
que eu tenho de te sentir
a culpa é da vontade que vive
dentro de mim ...

António Variações

quarta-feira, janeiro 24, 2007

utopia


Gerhardt Thompson

Ella está en el horizonte.
Me acerco dos pasos, ella se aleja dos pasos.
Camino diez pasos y el horizonte se corre diez pasos más allá.
Por mucho que yo camine, nunca la alcanzaré.
¿Para qué sirve la utopia?,
para eso sirve:
para caminar.

Las palabras andantes, de E. Galeano

segunda-feira, janeiro 22, 2007


Graça

apenas a sede
o silêncio
nenhum encontro

pensa em mim meu amor
pensa na silenciosa no deserto
na viajante com o copo vazio
e na sombra da sua sombra

Alejandra Pizarnik

sábado, janeiro 20, 2007



Era de noite quando eu bati à tua porta
e tu vieste abrir
e viste-me ...

... era de noite
e por isso
tu soubeste que era eu...

Ana Hatherly

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Tu



Tu és o nó de sangue que me sufoca.
Dormes na minha insónia como o aroma entre os tendões
da madeira fria.
És uma faca cravada na minha
vida secreta. E como estrelas
duplas
consanguíneas,
luzimos de um para o outro
nas trevas.

Herberto Hélder


terça-feira, janeiro 16, 2007


Konrad Zagloba

oh, meu amor

podes passar pelo meu sonho
podes ficar no meu sonho
mas não me acordes

YAO JINGMING

segunda-feira, janeiro 15, 2007


Roberto Palladini
...
a paixão é meu
destino
meu final e meu começo

Morrer de amor
e de amar
é a morte que eu mereço

Maria Teresa Horta

domingo, janeiro 14, 2007



Escrever é riscar o fósforo
e sob seu pequeno clarão
dar asas ao ar — distância, destino
segurando a chama contra
a desatenção do vento, mantendo
a luz acesa, mesmo que o pensamento
pisque, até que os dedos se queimem.

Armando Freitas Filho

quinta-feira, janeiro 11, 2007


angelica

frágil o coração

tão frágil
que se partiu


Maria José Quintela

quarta-feira, janeiro 10, 2007

nunca


david ho

Nunca deixo de te mentir, disseste.

Soaram como um eco as tuas palavras, um eco de casa antiga, anos demais. Um eco das palavras que nunca disseste, as palavras que teriam quebrado os meus sonhos, as palavras que eu implorei, um dia. E não por serem duras, apenas por serem verdade.
Hoje, o seu eco estilhaçou a imagem que guardei de nós, como quem estilhaça uma porcelana antiga, religiosamente guardada entre panos de linho, no fundo de uma gaveta.
Nunca deixo de te mentir, disseste.

terça-feira, janeiro 09, 2007


Sistermoon

Muitas vezes te esperei, perdi a conta,

longas manhãs te esperei tremendo...

...que me importa, agora que me importas,
que batam , se não és tu, à porta?

Fernando Assis Pacheco

segunda-feira, janeiro 08, 2007

o silêncio


Yuri Bonder

calei-me

para te escutar
e
aprender a falar


falei-te
para me escutares
e
aprendi a calar-me

desde então
grito nu
silêncio

daniel

sábado, janeiro 06, 2007

impulso


Sweetcharade

Não te chamo para te ter
apenas para te esquecer

António Sem