quinta-feira, novembro 27, 2008


Kay

...e assim me solto como um barco. sem a rede protectora das
palavras. o silêncio ao leme a falar como um oráculo. e eu no vício
insano de decifrar sinais.

Maria José Quintela

quarta-feira, novembro 26, 2008


Katia Chausheva

há silêncios que me protegem e silêncios que me atormentam.
outros há que me crescem rente à pele. tão desmedidamente que se
ouvem. como rios fecundos em noites brancas. afagos insaciados.

Maria José Quintela

quarta-feira, novembro 19, 2008


Piotr ROSINSKI

minha boca sopra no vento: eu te
amo eu te amo

uma navalha corta em dois meu
coração

CACASO

domingo, novembro 16, 2008


Vernon Trent

aqui tens a minha sede:
fogo e água da tua boca
ardendo ...


Bernardete Costa, aqui

quarta-feira, novembro 12, 2008

Conta-mo outra vez


Szara Reneta

Conta-mo outra vez, é tão formoso
que não me canso nunca de escutá-lo.
Repete-mo de novo, os dois da história
foram felizes até vir a morte,
ela não foi infiel, ele nem
se lembrou de enganá-la.
E não esqueças,apesar do tempo e dos problemas,
todas as noites sempre se beijavam.
Conta-mo mil vezes, se faz favor:
é a história mais bela que conheço.

Amalia Bautista

sexta-feira, novembro 07, 2008

sonhei contigo


Maria José Amorim

...é verdade o sonho
poderá ter feito com que, nesta
rarefacção de ambos, a tua presença se
impusesse - como se cada gesto
do poema te restituisse um corpo
que sinto ao dizer o teu nome,confundindo os teus
lábios com o rebordo desta chávena
de café já frio. Então, bebo-o
de um trago o mesmo se pode fazer
ao amor, quando entre mim e ti
se instalou todo este espaço -terra, água, nuvens, rios e
o lago obscuro do tempo
que o inverno rouba à transparência
das fontes. É isto, porém, que
faz com que a solidão não seja mais
do que um lugar comum saber
que existes, aí, e estar contigo
mesmo que só o silêncio me
responda quando, uma vez mais
te chamo.

Nuno Júdice