sexta-feira, março 31, 2006


sweetcharade

De cor, do coração da madrugada

evoco a tua pele, poro a poro.
Sou uma caravela naufragada
à procura não sei de que tesouro.

Toma de novo o leme desta barca.
Como num mapa, lê na minha palma.
Encontrarás aí a tua marca
a pele, o corpo, a voz, o cheiro, a alma.

R. L. Faria

4 comentários:

Anónimo disse...

ESPERO-TE ÀS NOVE

Espero-te.
Espero-te às nove.

E levo-te palavras
nos lábios,
uma chama
e um corpo cansado.
Páginas secretas,
poemas,
beijos vagarosos
no silêncio iluminado.
Um vinho velho
levo-te
uma flor
e um discurso ignorado.

Espero-te.
Espero-te às nove.

E levo-te abraços
nos olhos,
uma janela
e um futuro roubado.
Paisagens secretas,
amores,
espelhos cegos
no caminho magoado.
Um canto novo
levo-te
uma vida
e um sonho inacabado.

Espero-te.
Espero-te às nove.

Ima disse...

Na luz a prumo

Se as mãos pudessem (as tuas,
as minhas) rasgar o nevoeiro,
entrar na luz a prumo.
Se a voz viesse. Não uma qualquer:
a tua, e na manhã voasse.
E de júbilo cantasse.
Com as tuas mãos, e as minhas,
pudesse entrar no azul, qualquer
azul: o do mar,
o do céu, o da rasteirinha canção
de água corrente. E com elas subisse.
(A ave, as mãos, a voz.)
E fossem chama. Quase.

Eugénio de Andrade

Silvia Chueire disse...

Há tempos não visitava o seu blog. A escolha dos poemas segue de um bom gosto que impressiona...

Abraços,

Silvia

Anónimo disse...

Ponto final

Eu quero-te
porque te quero
e pronto.
E tu
se não me queres
diz
e ponto.
Tu se me queres
diz
e pronto.
E tu se não queres
que eu te queira
ponto.
Tu se queres
que eu te queira
pronto.
Eu quero-te
porque te quero
e ponto.
(Anónimo)