quarta-feira, março 08, 2006

Mulher



Mulher que escondes em teu corpo
a alma secreta das paisagens,
com o seu fluir de rios
e seus sucalcos de pura dádiva e bondade.
Hoje, meu coração, talvez te revele
que não serás como ela passageira.
Qualquer coisa de ti perdurará na verde folhagem destas árvores
que vegetalmente te observam
e tua música imitam.
Porque eu te amo és eterna,
vives para além da invalidez do tempo,
és polén fecundante que o vento não sonega,
pétala de lume a perfumar a brisa desta tarde,
Primavera que de ti própria vi brotar.
E nos céus antes áridos entoam já suaves sinos
anunciando que todos os dias serão agora teus,
só porque os fizeste de seda para mim.

Gonçalo Salvado

(Para ti, mãe.)

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