sábado, março 04, 2006


Ira Bordo

Tu não me pertenceste - e, se uma vez acreditei que
acontecias dentro do meu corpo, das outras vi-te abraçar a
solidão com tanto ardor que concluí ser a memória quem
te mantinha vivo. O meu coração, contudo, sempre

te pertenceu - e a mão desesperada que o procura não
o sente bater longe do teu peito. E mesmo os poemas todos
que escrevi não me pertenceram, porque essa vida
que pulsava no papel levaste-a tu contigo na hora
em que te foste - e a que tenho agora é mais
branca e vazia do que a morte, não é vida nem nada

que eu queira alguma vez que me pertença.

Maria do Rosário Pedreira

2 comentários:

Unknown disse...

Acredita que o teu blogue também me pertence...
Não me sentes por aí todos os dias?
Beijo.
daniel

Ima disse...

Sinto, sim.
Passas levemente, mas deixas pegadas na areia, como todos nós fazemos na vida de alguém...
Beijo