sexta-feira, março 31, 2006
quinta-feira, março 30, 2006
quarta-feira, março 29, 2006
Quero falar-te deste amor
Darren Holmes
Quero dizer-te
que sobre ele pairaram sempre brumas e nevoeiros
e profecias de temporais maiores, como os que levam
para longe os corpos dos navios. Não há notícias
deste amor; apenas uma intriga, um recado sonâmbulo,
um temor que desmaia as pregas do vestido e um sortilégio
urdido nas paisagens suspensas de um mapa que aperto
na mão sem desdobrar. E há memórias
deste amor? A voz sem as palavras, um livro lido
às escuras, um bilhete cifrado deixado num hotel,
um velho calendário cheio de desencontros? Não,
não há memória deste amor.
Maria do Rosário Pedreira
sexta-feira, março 24, 2006
quarta-feira, março 22, 2006
terça-feira, março 21, 2006
Cárcere
segunda-feira, março 20, 2006
No es amor
vladimir
No es amor, no es amor
el estremecimiento que me ofreces,
la dependencia dócil del deseo,
no es amor.
La piel de transparente se hace alma
que el sudor cristaliza, puramente
transfigurada; pero es sólo el tiempo
que tarda ese tirano de tu cuerpo
en hacerse notar en estampida.
No es amor, lo conozco; yo no sé
qué cosa sea, pero no es amor.
Josefa Parra
sábado, março 18, 2006
Philippe Pache
...daqui a nada estou na estalagem nos braços dele, um perder de vista de água prateada, ele chama-me da janela do quarto, diz o meu nome
um susto de que o coração não se esquece, uma bênção de que os olhos não se refazem, as ondas aos nossos pés, a espuma rendada, murmúrios, fecho os olhos por um bocadinho, nenhuma manhã me vai roubar este sonho tão bonito, nunca mais nenhuma manhã, a minha vida um sobressalto no sono continuado do universo, fecho os olhos por um bocadinho, um sono tranquilo, aqui dentro, aqui onde estou, aconteça o que acontecer nada acontece
inesperadamente
Dulce Maria Cardoso
quinta-feira, março 16, 2006
quarta-feira, março 15, 2006
terça-feira, março 14, 2006
domingo, março 12, 2006
quinta-feira, março 09, 2006
quarta-feira, março 08, 2006
Mulher
Mulher que escondes em teu corpo
a alma secreta das paisagens,
com o seu fluir de rios
e seus sucalcos de pura dádiva e bondade.
Hoje, meu coração, talvez te revele
que não serás como ela passageira.
Qualquer coisa de ti perdurará na verde folhagem destas árvores
que vegetalmente te observam
e tua música imitam.
Porque eu te amo és eterna,
vives para além da invalidez do tempo,
és polén fecundante que o vento não sonega,
pétala de lume a perfumar a brisa desta tarde,
Primavera que de ti própria vi brotar.
E nos céus antes áridos entoam já suaves sinos
anunciando que todos os dias serão agora teus,
só porque os fizeste de seda para mim.
Gonçalo Salvado
(Para ti, mãe.)
terça-feira, março 07, 2006
Traze-me palavras
segunda-feira, março 06, 2006
domingo, março 05, 2006
sábado, março 04, 2006
Ira Bordo
Tu não me pertenceste - e, se uma vez acreditei que
acontecias dentro do meu corpo, das outras vi-te abraçar a
solidão com tanto ardor que concluí ser a memória quem
te mantinha vivo. O meu coração, contudo, sempre
te pertenceu - e a mão desesperada que o procura não
o sente bater longe do teu peito. E mesmo os poemas todos
que escrevi não me pertenceram, porque essa vida
que pulsava no papel levaste-a tu contigo na hora
em que te foste - e a que tenho agora é mais
branca e vazia do que a morte, não é vida nem nada
que eu queira alguma vez que me pertença.
Maria do Rosário Pedreira
sexta-feira, março 03, 2006
quinta-feira, março 02, 2006
quarta-feira, março 01, 2006
hoje podes rasgar
cidades no mapa do meu corpo e
inventar que descobriste um continente
novo - uma pátria solar onde gostavas
de morrer e ter nascido. Eu não me
importo com nada do que me digas esta
noite: amo-te, e amar-te é reconhecer o
pólen excessivo das corolas, o seu vermelho
impossível. Mas amanhã, antes de partires,
não digas nada, não me beijes nas costas
do meu sono. Leva-me contigo para sempre
ou deixa-me dormir - eu não quero ser
apenas um nome deitado entre outros nomes.
Maria do Rosário Pedreira
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