segunda-feira, julho 31, 2006
entrever
axel
apenas te entrevi
e sei
das tuas mãos
- quanto mar a me tocar o corpo.
dos teus olhos entreabertos
- quanto céu a me dizer palavras.
silvia chueire
sábado, julho 29, 2006
nova
Jarek Kubicki
surpreendo-me desejando coisas antigas, só para vê-las, outra vez, recém-nascidas
e ao sabor da minha vontade madura.
entre as minhas mãos e meus dedos acostumados às perdas, talvez eu conseguisse
(quem sabe) mudar o rumo da dor.
talvez eu errasse tudo de novo:
só pra não dar o braço a torcer.
(quem sabe)
Mariza Lourenço
quinta-feira, julho 27, 2006
Segredo de ti
terça-feira, julho 25, 2006
uma coisa que não haja
Perguntavam-lhe o que queria: um sumo, um refrigerante, um leite com chocolate, uma água. A tudo a criança dizia que não, cada vez mais desesperada. Acabou por se explicar, gritando: "Eu quero uma coisa que não haja!"
...
A criança que grita para que a deixem querer uma coisa que não haja é a musa de todos os livros, a musa de todos os desejos que circulam em nós, pedindo apenas a graça de continuar em movimento, para lá da contínua desilusão das felicidades alcançadas. Um olhar, o brilho do sol sobre a mão que mergulha no mar, o nome que escrevemos na areia molhada da nossa memória, a página marcada no poema que outra mão escreveu, com o nosso sangue, num outro tempo que se funde com o nosso: o Verão traz sempre de volta a inocência vertiginosa do desejo e recorda-nos a nossa mais profunda felicidade, que é essa de nos entregarmos a uma coisa que não haja. Mesmo ou sobretudo quando pensamos que já nada mais pode haver. O desejo pensa-nos melhor que nós.
Inês Pedrosa
...
A criança que grita para que a deixem querer uma coisa que não haja é a musa de todos os livros, a musa de todos os desejos que circulam em nós, pedindo apenas a graça de continuar em movimento, para lá da contínua desilusão das felicidades alcançadas. Um olhar, o brilho do sol sobre a mão que mergulha no mar, o nome que escrevemos na areia molhada da nossa memória, a página marcada no poema que outra mão escreveu, com o nosso sangue, num outro tempo que se funde com o nosso: o Verão traz sempre de volta a inocência vertiginosa do desejo e recorda-nos a nossa mais profunda felicidade, que é essa de nos entregarmos a uma coisa que não haja. Mesmo ou sobretudo quando pensamos que já nada mais pode haver. O desejo pensa-nos melhor que nós.
Inês Pedrosa
segunda-feira, julho 24, 2006
vem
Tohil Trevi
Vem, escreve comigo todas as palavras, os gritos, os segredos que só nós sabemos. As mãos e a boca saciando a fome que não finda. Tudo é domarmos o destino, o bridão nas nossas mãos, galope pleno. Qualquer profundidade, a construiremos os dois, com a vida subindo-nos à garganta.
Só colado ao teu , meu corpo se sabe corpo. Por isso para que nada se perca, para que não nos percamos, vem.
Silvia Chueire
sábado, julho 22, 2006
sê devastador e violento como a tempestade
ao abrir as gavetas, ao depor sobre a mesa
nenhuma razão que outros conheçam. alimenta-te
de mim e de ti, guarda as fotografias em paredes
brancas onde nenhuma ave se demore,
abre-me as feridas, as mais recentes e as antigas.
sê brando e lento como as manhãs de dezembro
ao desfazerem-se em neve, esquece os recados,
os pequenos delitos escondidos em segredo.
os telhados abrigam-nos da maledicência, do azar,
daquilo que o tempo gasta em passar sobre nós.
leva-me assim, como um acidente entre os dedos.
sê luminoso e intenso, ó meu amor, retrato escondido,
colecciona os declives, ensina-me essa geografia,
sê inocente e puro, mesmo que a noite interrompa a vida
e a nossa pele estremeça. deixa que bebamos
apenas se o prazer magoar onde nasce a sede,
fala-me de mim e de ti, se nos sentarmos nas dunas.
Francisco José Viegas
quinta-feira, julho 20, 2006
de tempos
Berto Guy
foi assim, feito tempestade, vindo de um tempo tão distante
que nem a mais fértil das lembranças poderia evocar.
no entanto, soube-se colada àquela alma, quando o corpo já
não mais importava e o coração humedecia-se de gozo.
porque era amor a ser (re)vivido agora. ou, quem sabe, em
um tempo mais distante ainda.
Mariza Lourenço
quarta-feira, julho 19, 2006
segunda-feira, julho 17, 2006
danço
domingo, julho 16, 2006
sexta-feira, julho 14, 2006
Na tua cama
quarta-feira, julho 12, 2006
Pacto
Canção de amor da jovem louca
Piotr Rosinsky
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro
Ergo as pálpebras e tudo volta a renascer
(Acho que te criei no interior da minha mente)
Saem valsando as estrelas, vermelhas e azuis,
Entra a galope a arbitrária escuridão:
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.
Enfeitiçaste-me, em sonhos, para a cama,
Cantaste-me para a loucura; beijaste-me para
a insanidade.
(Acho que te criei no interior de minha mente)
Tomba Deus das alturas; abranda-se o fogo
do inferno:
Retiram-se os serafins e os homens de Satã:
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.
Imaginei que voltarias como prometeste
Envelheço, porém, e esqueço-me do teu nome.
(Acho que te criei no interior de minha mente)
Deveria, em teu lugar, ter amado um falcão
Pelo menos, com a primavera, retornam com
estrondo
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro:
(Acho que te criei no interior de minha mente)
Sylvia Plath
terça-feira, julho 11, 2006
quinta-feira, julho 06, 2006
quarta-feira, julho 05, 2006
domingo, julho 02, 2006
Memórias de mi piel
amare
Mi piel tiene memorias de tus manos
recorriendo el desnudo de mi entrega
tiene tu aroma
tu costado tu aliento
tu sabor
tu triunfo
mis derrotas
Mi piel tiene sonidos de ternuras
vibrando
cada encuentro en la penumbra
tiene tus restos y tus rastros
la luz opaca del deseo
y el rostro del amor
amaneciendo
ANA MARÍA MAYOL
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