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axel
apenas te entrevie seidas tuas mãos- quanto mar a me tocar o corpo.dos teus olhos entreabertos- quanto céu a me dizer palavras.silvia chueire
Jarek Kubickisurpreendo-me desejando coisas antigas, só para vê-las, outra vez, recém-nascidas e ao sabor da minha vontade madura.entre as minhas mãos e meus dedos acostumados às perdas, talvez eu conseguisse (quem sabe) mudar o rumo da dor.talvez eu errasse tudo de novo:só pra não dar o braço a torcer.(quem sabe)
Mariza Lourenço
Lilya CorneliEstou te amando e não percebo,
porque, certo, tenho medo.
Estou te amando, sim, concedo,
mas te amando tanto
que nem a mim mesmo
revelo este segredo.
Affonso Romano de Sant'Anna
Não há outros paraísos senão os paraísos perdidos. Jorge Luis Borges
Perguntavam-lhe o que queria: um sumo, um refrigerante, um leite com chocolate, uma água. A tudo a criança dizia que não, cada vez mais desesperada. Acabou por se explicar, gritando: "Eu quero uma coisa que não haja!"...A criança que grita para que a deixem querer uma coisa que não haja é a musa de todos os livros, a musa de todos os desejos que circulam em nós, pedindo apenas a graça de continuar em movimento, para lá da contínua desilusão das felicidades alcançadas. Um olhar, o brilho do sol sobre a mão que mergulha no mar, o nome que escrevemos na areia molhada da nossa memória, a página marcada no poema que outra mão escreveu, com o nosso sangue, num outro tempo que se funde com o nosso: o Verão traz sempre de volta a inocência vertiginosa do desejo e recorda-nos a nossa mais profunda felicidade, que é essa de nos entregarmos a uma coisa que não haja. Mesmo ou sobretudo quando pensamos que já nada mais pode haver. O desejo pensa-nos melhor que nós.Inês Pedrosa
Tohil Trevi
Vem, escreve comigo todas as palavras, os gritos, os segredos que só nós sabemos. As mãos e a boca saciando a fome que não finda. Tudo é domarmos o destino, o bridão nas nossas mãos, galope pleno. Qualquer profundidade, a construiremos os dois, com a vida subindo-nos à garganta.Só colado ao teu , meu corpo se sabe corpo. Por isso para que nada se perca, para que não nos percamos, vem.Silvia Chueire
sê devastador e violento como a tempestadeao abrir as gavetas, ao depor sobre a mesanenhuma razão que outros conheçam. alimenta-tede mim e de ti, guarda as fotografias em paredesbrancas onde nenhuma ave se demore,abre-me as feridas, as mais recentes e as antigas.sê brando e lento como as manhãs de dezembroao desfazerem-se em neve, esquece os recados,os pequenos delitos escondidos em segredo.os telhados abrigam-nos da maledicência, do azar,daquilo que o tempo gasta em passar sobre nós.leva-me assim, como um acidente entre os dedos.sê luminoso e intenso, ó meu amor, retrato escondido,colecciona os declives, ensina-me essa geografia,sê inocente e puro, mesmo que a noite interrompa a vidae a nossa pele estremeça. deixa que bebamosapenas se o prazer magoar onde nasce a sede,fala-me de mim e de ti, se nos sentarmos nas dunas.Francisco José Viegas
Berto Guy
foi assim, feito tempestade, vindo de um tempo tão distante que nem a mais fértil das lembranças poderia evocar.no entanto, soube-se colada àquela alma, quando o corpo já não mais importava e o coração humedecia-se de gozo. porque era amor a ser (re)vivido agora. ou, quem sabe, emum tempo mais distante ainda.Mariza Lourenço
Iaia Gagliani
entregar-meao teu corpo inclinadoa boca a falar todasas línguassilvia chueire
Yurl Bonderdanço para os teus olhos que não estão,para as tuas mãos a lamberem-me a memória.danço notas a desprenderem-se do alaúde,e me tocarem a pele.e és tu ,e não és tu. silvia chueire
theo berendsDescobre o segredo que habitaonde me esquivo,onde a pergunta é só disfarce,reverso...Solange Firmino
Que desejos povoaram a tua noiteE a tua cama?Que fantasias teceste na noiteE na tua cama?Que corpo tocaste na noite, sentiste na noiteE na tua cama?Diz.Que sonhos sonhasteQue fantasias tecesteQue corpo tocasteNa noiteE na tua cama?Encandescente, in Encandescente
Nicola Ranaldi
Daquele que amoquero o nome, a fomee a memória. Quero o agora. O dentro e o fora,o passado e o futuro.Quero tudo: o que faltae o que sobrao óbvio e o absurdoMaria Esther Maciel
Piotr Rosinsky
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiroErgo as pálpebras e tudo volta a renascer(Acho que te criei no interior da minha mente) Saem valsando as estrelas, vermelhas e azuis,Entra a galope a arbitrária escuridão:Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro. Enfeitiçaste-me, em sonhos, para a cama,Cantaste-me para a loucura; beijaste-me paraa insanidade. (Acho que te criei no interior de minha mente)Tomba Deus das alturas; abranda-se o fogodo inferno:Retiram-se os serafins e os homens de Satã: Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro. Imaginei que voltarias como prometesteEnvelheço, porém, e esqueço-me do teu nome.(Acho que te criei no interior de minha mente) Deveria, em teu lugar, ter amado um falcãoPelo menos, com a primavera, retornam comestrondo Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro:(Acho que te criei no interior de minha mente)
Sylvia Plath
José Marafonateus olhos perdidos em mim,flores famintasnascendo em toda parte-do meu corpo,do teu corpo-a cantarem a mesma canção:amor, meu amor...silvia chueire
(porque não existe remédio, por mais forte que seja, que dê cabo daquilo que já nasce com jeito de eterno)
porque sou dona de tudo, de mim, do que já fiz e do que fui. mas não sou dona deste coração, que bate conforme sua vontadee somente em tuas mãos.
Mariza Lourenço
Annamaria Pietropaolo¿En qué lugar, en dónde, a qué deshorasme dirás que te amo? Esto es urgenteporque la eternidad se nos acaba...Jaime Sabines
amareMi piel tiene memorias de tus manos
recorriendo el desnudo de mi entrega
tiene tu aroma
tu costado tu aliento
tu sabor
tu triunfo
mis derrotas
Mi piel tiene sonidos de ternuras
vibrando
cada encuentro en la penumbra
tiene tus restos y tus rastros
la luz opaca del deseo
y el rostro del amor
amaneciendo
ANA MARÍA MAYOL