E não poder fugir, não poder fugir nunca, a este destino
de dinamitar rochas dentro do peito...
sábado, outubro 15, 2005
Vivo
tenho um corpo vivo, de palavras e contornos, um murmúrio perdido no tempo.
um corpo que anseia o oceano, a foz.
tenho um corpo que não se cala ainda que eu silencie.
tenho uma canção no corpo, devia ser para ti.
silvia chueire
1 comentário:
Anónimo
disse...
Excita-me a tua presença, ó Árvore - ó Árvores todas! Desejo-te (desejo-vos) como se fosses Carne, e eu Desejo. Como se eu fosse o vento que preside às tuas bodas, e te cicia em redor, e te fecunda num aliciante beijo.
Ponho os olhos em ti e entretenho-me a pensar que sou mãos, todo mãos que te envolvem o tronco e te sacodem convulsivamente. Requebras-te com volúpia, e os teus emaranhados cabelos louçãos fustigam o ar como látegos, com toda a força que este amor me consente.
Ó árvore minha débil! Ó prazer dos meus olhos extáticos! Ó filtro da luz do Sol! Ó refresco dos sedentos! Destila nos meus lábios as gotas dos teus ésteres aromáticos, unge a minha epiderme com teus macios unguentos.
Desnuda-me a tua intimidade, ó Árvore! Diz-me a que segredos recorres para te desenrolares em flores e emfrutos num cíclioco desvairio. Porque é que tudo morre à tua volta e tu não morres, e aceitas sempre o Amor com renovado cio.
Inicia-me nos teus mistérios, ó feiticeira dos cabelos verdes! Ensina-me a transformar um raio de Sol em suculenta carnadura, e nesses perfumes subtis que a toda a hora perdes, prolongando o teu ser no ar que te emoldura.
É através de ti, ó Árvore, que celebro os esponsais entre mim e a Natureza. É através de ti que bebo a nuvem fresca e mordo a terra ardente. É de ti que recebo as leis do Amor e da Beleza. Amo-te, ó Árvore, apaixonadamente!
Vem de longe a tua voz. De tão longe que duvido de mim mesma ao ouvi-la. Será que te ouço ou será a mim mesma que escuto? Serão minhas as palavras que murmuras, serei ainda eu? Ou serão apenas ecos do amor que fui, que foste um dia?
1 comentário:
Excita-me a tua presença, ó Árvore - ó Árvores todas!
Desejo-te (desejo-vos) como se fosses Carne, e eu Desejo.
Como se eu fosse o vento que preside às tuas bodas,
e te cicia em redor, e te fecunda num aliciante beijo.
Ponho os olhos em ti e entretenho-me a pensar que sou mãos,
todo mãos que te envolvem o tronco e te sacodem convulsivamente.
Requebras-te com volúpia, e os teus emaranhados cabelos louçãos
fustigam o ar como látegos, com toda a força que este amor me consente.
Ó árvore minha débil! Ó prazer dos meus olhos extáticos!
Ó filtro da luz do Sol! Ó refresco dos sedentos!
Destila nos meus lábios as gotas dos teus ésteres aromáticos,
unge a minha epiderme com teus macios unguentos.
Desnuda-me a tua intimidade, ó Árvore! Diz-me a que segredos recorres
para te desenrolares em flores e emfrutos num cíclioco desvairio.
Porque é que tudo morre à tua volta e tu não morres,
e aceitas sempre o Amor com renovado cio.
Inicia-me nos teus mistérios, ó feiticeira dos cabelos verdes!
Ensina-me a transformar um raio de Sol em suculenta carnadura,
e nesses perfumes subtis que a toda a hora perdes,
prolongando o teu ser no ar que te emoldura.
É através de ti, ó Árvore, que celebro os esponsais entre mim e a Natureza.
É através de ti que bebo a nuvem fresca e mordo a terra ardente.
É de ti que recebo as leis do Amor e da Beleza.
Amo-te, ó Árvore, apaixonadamente!
António Gedeão
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