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Ontem à noite, depois da sua partida definitiva, fui para aquela sala do rés-do-chão que dá para o parque, fui para ali onde fico sempre no mês de junho, esse mês que inaugura o Inverno. Tinha varrido a casa, tinha limpo tudo como se fosse antes do meu funeral. Estava tudo depurado de vida, isento, vazio de sinais, e depois disse para comigo: vou começar a escrever para me curar da mentira de um amor que acaba. Tinha lavado as minhas coisas, quatro coisas, estava tudo limpo, o meu corpo, o meu cabelo, a minha roupa, e também aquilo que encerrava o todo, o corpo e a roupa, estes quartos, esta casa, este parque. E depois comecei a escrever...
Marguerite Duras
2 comentários:
Embora o texto seja verdadeiro, gosto mais da verdade da foto.
Egon
É isso mesmo...
Pode-se dizer que fui "apanhada" na minha incongruência. Se por um lado o texto queria transmitir uma ideia, o que me denunciou foi a imagem...:)
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