segunda-feira, junho 20, 2005

No corpo


De que vale tentar reconstruir com palavras

o que o verão levou

entre nuvens e risos

junto com o jornal velho pelos ares?

O sonho na boca, o incêndio na cama.

o apelo na noite

agora são apenas esta

contracção (este clarão)

de maxilar dentro do rosto.

A poesia é o presente

Ferreira Gullar

1 comentário:

Anónimo disse...

"Até essa noite, ainda não tinhas percebido como se podia ignorar aquilo que vêem os olhos, aquilo que tocam as mãos, aquilo que toca o corpo. Descobres essa ignorância.
Dizes: Não vejo nada.
Ela não responde.
Dorme."

Marguerite Duras, in Textos Secretos