quinta-feira, junho 30, 2005
domingo, junho 26, 2005
sábado, junho 25, 2005
quinta-feira, junho 23, 2005
O amor antigo
O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige, nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.
Carlos Drummond de Andrade (Amar se aprende amando)
quarta-feira, junho 22, 2005
Cala o canto oh poeta
Porque falas de mim oh poeta
Quando te dizes triste
Quando te dizes só?
Porque és tu eco de mim oh poeta?
Porque me falas quando te falas
Porque está na tua a minha voz?
Cala o canto oh poeta
Silencia as palavras
Não as fales assim
Que as não quero ouvir
Que as não quero saber
Que as escondo até de mim.
de Encandescente, aqui
segunda-feira, junho 20, 2005
No corpo
terça-feira, junho 14, 2005
Vazante
segunda-feira, junho 13, 2005
Até sempre, Poeta!
sábado, junho 11, 2005
Ouvindo Bethânia
Por que me descobriste no abandono
Com que tortura me arrancaste um beijo
Por que me incendiaste de desejo
Quando eu estava bem, morta de sono
Com que mentira abriste meu segredo
De que romance antigo me roubaste
Com que raio de luz me iluminaste
Quando eu estava bem, morta de medo
Por que não me deixaste adormecida
E me indicaste o mar, com que navio
E me deixaste só, com que saída
Por que desceste ao meu porão sombrio
Com que direito me ensinaste a vida
Quando eu estava bem, morta de frio
Chico Buarque (Maria Bethânia)
Tu cuerpo cálido es una invitación abierta al amor.
No sólo a la demostración física...
Hablo del sentimiento vasto e infinito.
De la pasión que no decrece con la presencia,
de la que se intensifica con la ausencia.
Hablo de lo que me inspira
tu esencia y contexto.
Lleno de defectos, que bien claro miro
y no me asusta;
que asumo como algo tuyo.
Hablo de algo muy sencillo:
del amor que por ti siento.
Ylia Kazama
quarta-feira, junho 08, 2005
terça-feira, junho 07, 2005
A pérola
Disse uma ostra
à ostra sua vizinha:
-Sinto uma grande dor dentro de mim.
É coisa pesada, redonda, que me magoa.
-Louvados sejam os céus e o mar,
respondeu a outra, com altiva condescendência.
Eu não sinto dor nenhuma.
Estou boa e sã
Por fora e por dentro.
Nesse instante
Um caranguejo que passava
Ouviu as duas ostras
E disse à que estava boa e sã
Por dentro e por fora:
-Sim, estás boa e sã;
mas a dor que a tua vizinha sente
é uma pérola de extraordinária beleza.
Khalil Gibran, O Vagabundo
Cumplicidades
Tão efémeras, as cumplicidades radiosas. Encontros de pele, de ideias, de atmosferas, flutuando como nuvens para o paraíso do esquecimento. Acreditava que o sentido da minha vida estava nesses encontros, e confronto-me agora com a falta que tu me fazes. Tu roubas-me o sentido, viciei-me nesse roubo, talvez seja ainda um vício do sentido, o supremo.
Nós nunca fomos cúmplices, sabíamos demais um do outro...
Inês Pedrosa, Fazes-me falta
domingo, junho 05, 2005
sábado, junho 04, 2005
sexta-feira, junho 03, 2005
Ontem à noite
Ontem à noite, depois da sua partida definitiva, fui para aquela sala do rés-do-chão que dá para o parque, fui para ali onde fico sempre no mês de junho, esse mês que inaugura o Inverno. Tinha varrido a casa, tinha limpo tudo como se fosse antes do meu funeral. Estava tudo depurado de vida, isento, vazio de sinais, e depois disse para comigo: vou começar a escrever para me curar da mentira de um amor que acaba. Tinha lavado as minhas coisas, quatro coisas, estava tudo limpo, o meu corpo, o meu cabelo, a minha roupa, e também aquilo que encerrava o todo, o corpo e a roupa, estes quartos, esta casa, este parque. E depois comecei a escrever...
Marguerite Duras
Poema LXVI
quarta-feira, junho 01, 2005
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