segunda-feira, outubro 16, 2006

Um olhar não basta - I


sophie thouvenin

Não sei a hora a que chegaste. Se era noite ou se era dia. Se havia sol ou chovia. Não te esperava. Desta vez os sonhos não me avisaram. Por isso, quando te vi pela primeira vez, não sabia ainda que ias cruzar o meu caminho.
Se eu conhecesse o teu mapa interior, talvez me avisasse e preparasse para me desviar e passar-te ao lado. Mas eu estava desprevenida e os meus olhos buscam sempre o que não conheço. A verdade é que não me importo que te tenhas insinuado só para eu te ver. Talvez fosse mesmo inevitável olhar para ti e ficar surpreendida por me descobrir aí. Como se se tratasse de uma paragem obrigatória.

Maria José Quintela

3 comentários:

Anónimo disse...

Fantástico. Mas quem é Maria José Quintela? É alguma escritora conhecida?

Anónimo disse...

Obrigado pelas informações. Felicidades para IMA, mesmo não sabendo quem é, o que é e não é importante, vou acompanhar esta pequeno écran de "vida", nomeado "Nome de Código", porque vale a pena.

Anónimo disse...

Poema de amor

Teu rosto, no meu rosto, descansado.
Meu corpo, no teu corpo, adormecido.
Bater de asas, tão longe, noutro tempo,
sem relógio nem espaço proibido.

Oh, que atónitos olhos nos contemplam,
nos sorriem, nos dizem: Sossegai!
Românticos amantes, viajantes eternos,
olham por nós na hora que se esvai!

Que música de prados e de fontes!
Que riso de águas vem para nos levar?
Meu rosto, no teu rosto de horizontes,
Meu corpo, no teu corpo, a flutuar.

Natércia Freire