quarta-feira, outubro 25, 2006


sistermoon

Dolor
por estar contigo en cada cosa. Por no dejar de estar contigo en cada cosa. Por estar
irremediablemente contigo
en mí.

Ana Rossetti

1 comentário:

Anónimo disse...

Se o homem pudesse dizer o que ama,
Se o homem pudesse levantar ao céu o seu amor
Como nuvem na luz;
Se, quais muros que se derrubam,
Para saudar a verdade erguida entre eles,
Pudesse derrubar o seu corpo, deixando só a verdade do seu amor,
A verdade de si mesmo,
Que não se chama glória, fortuna ou ambição,
Mas amor ou desejo,
Eu seria o que imaginava:
O que com sua língua, seus olhos, suas mãos
Proclama ante os homens a verdade ignorada.
A verdade do seu amor verdadeiro.
Liberdade não conheço senão a liberdade de estar preso a alguém
Cujo nome não posso dizer sem calafrios;
Alguém por quem me esqueço desta existência mesquinha,
Por quem o dia e a noite são para mim o que ele queira,
E o meu corpo e espírito flutuam em seu corpo e espírito
Como troncos perdidos que o mar afoga ou ergue
Livremente, com a liberdade do amor,
A única liberdade que me exalta,
A única liberdade por que morro.

Tu justificas minha existência:
Se não te conheço, não vivi jamais,
Se morro sem conhecer-te, não morro, porque não vivi nunca.

LUIS CERNUDA