E não poder fugir, não poder fugir nunca, a este destino
de dinamitar rochas dentro do peito...
quarta-feira, outubro 25, 2006
sistermoon
Dolor por estar contigo en cada cosa. Por no dejar de estar contigo en cada cosa. Por estar irremediablemente contigo en mí. Ana Rossetti
1 comentário:
Anónimo
disse...
Se o homem pudesse dizer o que ama, Se o homem pudesse levantar ao céu o seu amor Como nuvem na luz; Se, quais muros que se derrubam, Para saudar a verdade erguida entre eles, Pudesse derrubar o seu corpo, deixando só a verdade do seu amor, A verdade de si mesmo, Que não se chama glória, fortuna ou ambição, Mas amor ou desejo, Eu seria o que imaginava: O que com sua língua, seus olhos, suas mãos Proclama ante os homens a verdade ignorada. A verdade do seu amor verdadeiro. Liberdade não conheço senão a liberdade de estar preso a alguém Cujo nome não posso dizer sem calafrios; Alguém por quem me esqueço desta existência mesquinha, Por quem o dia e a noite são para mim o que ele queira, E o meu corpo e espírito flutuam em seu corpo e espírito Como troncos perdidos que o mar afoga ou ergue Livremente, com a liberdade do amor, A única liberdade que me exalta, A única liberdade por que morro.
Tu justificas minha existência: Se não te conheço, não vivi jamais, Se morro sem conhecer-te, não morro, porque não vivi nunca.
Vem de longe a tua voz. De tão longe que duvido de mim mesma ao ouvi-la. Será que te ouço ou será a mim mesma que escuto? Serão minhas as palavras que murmuras, serei ainda eu? Ou serão apenas ecos do amor que fui, que foste um dia?
1 comentário:
Se o homem pudesse dizer o que ama,
Se o homem pudesse levantar ao céu o seu amor
Como nuvem na luz;
Se, quais muros que se derrubam,
Para saudar a verdade erguida entre eles,
Pudesse derrubar o seu corpo, deixando só a verdade do seu amor,
A verdade de si mesmo,
Que não se chama glória, fortuna ou ambição,
Mas amor ou desejo,
Eu seria o que imaginava:
O que com sua língua, seus olhos, suas mãos
Proclama ante os homens a verdade ignorada.
A verdade do seu amor verdadeiro.
Liberdade não conheço senão a liberdade de estar preso a alguém
Cujo nome não posso dizer sem calafrios;
Alguém por quem me esqueço desta existência mesquinha,
Por quem o dia e a noite são para mim o que ele queira,
E o meu corpo e espírito flutuam em seu corpo e espírito
Como troncos perdidos que o mar afoga ou ergue
Livremente, com a liberdade do amor,
A única liberdade que me exalta,
A única liberdade por que morro.
Tu justificas minha existência:
Se não te conheço, não vivi jamais,
Se morro sem conhecer-te, não morro, porque não vivi nunca.
LUIS CERNUDA
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