Barteczko,Michal Entras como um punhal até à minha vida. Rasgas de estrelas e de sal a carne da ferida.
Dá-me um beijo ou a morte...
Fernando Echevarría
quarta-feira, novembro 14, 2007
karol liver
Olá. (Tenho saudades.) Hoje lembrei-me de ti, não (tenho feito outra coisa ) imagino porquê. Que tal almoçarmos (agora ) um dia destes? Apetece-me (corromper-te com beijos) conversar contigo. Lanchar, se te der mais jeito e (desvirginar o teu silêncio com a minha língua )ouvir-te falar. Preciso de saber (que ainda me queres) o que tens andado a ler. Já nem sei o que te costumava dizer, mas (ainda soletro de cor as palavras com que me vestiste) que não seja por isso: o exercício (do amor) da amizade é como andar de bicicleta. Sei que tens muito trabalho (quero lá saber) e que mal te lembras de mim (atreve-te a esquecer-me). Mas, para um (amor) amigo, arranjamos sempre um bocadinho. Uma (vida) hora, é só o que te peço. Naquele hotel da baixa, o que tem (o quarto) a esplanada de frente para o rio, lembras-te? Em não podendo ser, (morro) deixa estar. Talvez para a próxima (reencarnação).
Este é o amor das palavras demoradas Moradas habitadas Nelas mora Em memória e demora O nosso breve encontro com a vida Sophia de Melo Breyner Andersen
quinta-feira, novembro 08, 2007
Suspensa sem ti , está a minha vida. Suspensa de ti.
E agora esfumou-se o tempo e perdi o teu passo para além da curva do rio.
Rasguei as cartas. Em vão: o papel restou intacto. Só os meus dedos murcharam, decepados.
Queimei as fotos. Em vão: as imagens restaram incólumes e só os meus olhos se desfizeram, redondas cinzas.
Com que roupa vestirei minha alma agora que já não há domingos?
Quero morrer, não consigo. Depois de te viver não há poente nem o enfim de um fim.
Todas as mortes gastei para viver contigo.
Mia Couto
terça-feira, outubro 30, 2007
Michele Clement
...e foi por isso que nessas noites morri muitas vezes enquanto as secretas palavras de adeus alastravam pela foz do teu desejo e a minha pele se despia vagarosamente da tua
Alice Vieira
segunda-feira, outubro 22, 2007
Alejandra Chaverri
faz-se tarde e eu deixei de esperar-te.
todos os portos se fecham sobre mim e a floresta adensa-se.
nenhuma clareira se abre à passagem dos animais e do homem antigo.
Dime, aunque tengas que mentirme un poco, que no estamos perdidos, que aún hay grietas por las que puede entrar algún consuelo, que esto no es otro de esos callejones sin salida y sin luz donde espantarnos, donde perder la fe y ganar el llanto.
...diz-me qual a ponte que separa a tua vida da minha, em que hora negra, em que cidade chuvosa, em que mundo sem luz está essa ponte e eu a cruzarei...
Amalia Bautista
quinta-feira, outubro 11, 2007
Roberto Palladini
É todo meu o teu silêncio ecoa dentro de mim ensurdecedor.
terça-feira, outubro 09, 2007
Ron Ricardo
No fundo, tenho medo. Medo de te voltar a ver. Medo de que as minhas mãos voltem a ser mãos outra vez e disparem dos pulsos para te despentear o cabelo ...
Medo de dar com os teus olhos e de neles mergulhar de cabeça, de engolir pirulitos, nadar-te e por ti ficar, num boiar infinito. No fundo, tenho medo de que a mera possibilidade da tua presença me diminua a graça dos dias. Por isso me quedo.
Diz-me como esquecer. Diz-me qualquer coisa que me faça esquecer como era
morrer nos teus braços
terça-feira, outubro 02, 2007
Natalie Shau
Vem de longe a tua voz. De tão longe que duvido de mim mesma ao ouvi-la. Será que te ouço ou será a mim mesma que escuto? Serão minhas as palavras que murmuras, serei ainda eu? Ou serão apenas ecos do amor que fui, que foste um dia?
segunda-feira, outubro 01, 2007
Pablitkowy
... Já ansiámos corpos ausentes como um rio anseia pela foz já fizemos tanto e tão pouco que há-de ser de nós?
Que há-de ser do mais longo beijo que nos fez trocar de morada dissipar-se-á como tudo em nada?...
Sérgio Godinho
domingo, setembro 30, 2007
Evgeniy Shaman
Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia, Não há nada mais simples. Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte. Entre uma e outra todos os dias são meus...
...amores antigos, frases que os descrevam ... Os anos passam, o absoluto cobre-se de fuligem e as cartas têm menos valor pela paixão que pelo estudo da caligrafia
Si dices una palabra más, me moriré de tu voz, que ya me está hincando el pecho, que puede traspasarme el pecho como una aguda, larga, exquisita espada.
Si dices una palabra más con esa voz tuya, de acero, de filo y de muerte; con esa voz que es como una cosa tangible que yo podría acariciar, estrujar, morder; si dices una palabra más con esa voz que me pones de punta en el pecho, yo caería atravesada, muerta por una espada invisible, dueña del camino más recto a mi corazón.
Aguardo que te rebentes como um dique e que inundes tudo à tua passagem, ensopando terras e arrastando telhados, na torrente inevitável que será desaguares-te em mim. Serei então o declive, a descida a pique num ângulo impossível, o resvalo mais perigoso e a zona estupidamente baixa para onde encaminharás as tuas águas passadas. (...)
Aguardo-te no ar que vou farejando como um perdigueiro, no ouvido de batedor experiente que tem dias colo ao chão e neste pau de vedor que seguro entre mãos e que teima em apontar para ti. Sabes que te aguardo (embora nem sempre te espere) e que um dia virás e cairás, por fim, exausto, nos meus braços de lama e que nos amaremos por entre os destroços da enxurrada, até que alguém nos resgate.
Fechar no punho os estilhaços os fragmentos que conservo do teu nome e permitir que o corte se prolongue pela mäo pelo braço pelas têmporas até que a repetida sentença da carne atravesse a cartilagem e o osso e se consuma no rito de um flagelo apenas comparável à tua ausência.
Laura C. Skerk
sexta-feira, agosto 31, 2007
Acontece na vida de toda a gente. De repente, a porta que se fechou entreabre-se, a grade que se acabou de descer volta a erguer-se, o não definitivo já não é senão um talvez, o mundo transfigura-se, um sangue novo corre-nos nas veias. É a esperança. Pena suspensa. O veredicto de um juiz, de um médico, de um cônsul fica adiado. Uma voz anuncia-nos que nem tudo está perdido. Trémulos, com lágrimas de gratidão nos olhos, passamos para o aposento seguinte, onde nos pedem para esperarmos, antes de nos lançarem no abismo. Nina Berberova, Terra de Ninguém
terça-feira, agosto 28, 2007
Joanna Nowakowska
…Como um cego, agora, vagueio na memória tacteio os frágeis muros onde a sombra derramaste, esbarrando na tua lembrança, mesmo à beira do que já não existe, infantil e torpe. Treme nas minhas mãos um punhal. Para onde foi o amor. Eis as palavras para uma despedida.
Ainda que mal pergunte, ainda que mal respondas; ainda que mal te entenda, ainda que mal repitas; ainda que mal insista, ainda que mal desculpes; ainda que mal me exprima, ainda que mal me julgues; ainda que mal me mostre, ainda que mal me vejas; ainda que mal te encare, ainda que mal te furtes; ainda que mal te siga, ainda que mal te voltes; ainda que mal te ame, ainda que mal o saibas; ainda que mal te agarre, ainda que mal te mates; ainda assim te pergunto e me queimando em teu seio, me salvo e me dano: amor.
é claro que penso em ti todos os dias. todos. penso com raiva, penso com uma revolta transtornada, e depois, depois penso com uma tristeza que me invade inteira, qualquer coisa que me derruba, que me mata, e que esquecendo-me te esquece. até ao dia seguinte, é claro.
soubesse eu dos dias verdes em que a música é tão distante e o mar rebelado.
soubesse eu do que me esperava, enquanto escrevia palavras, com a boca a servir de paleta e pincel nos desenhos perdidos em ti;
soubesse eu do vendaval que havia de vir, depois daquelas horas nas quais corremos livres pela relva na felicidade sem palavras com palavras de um amor desmedido;
soubesse eu de todas as coisas que ainda hoje desconheço, e não fosse um rio a desaguar no oceano e não tivesse olhos glaucos e crédulos num corpo que navegava livremente;
soubesse eu que certas coisas tu não sabias e do vasto porto mar a avistar-se de santa luzia;
teria dado os exatos mesmos passos, entregues ao vermelho da paixão.
Saberás que penso em ti porque escrevo um poema mais forte que o poeta, um poema que traz o teu nome escrito a medo em segredo com a intensidade de uma quilha abrindo as asas do sonho. Saberás que me traí traindo a promessa de te fingir morto e que te quis querendo a lua outra vez a lua e o corpo.
Ana Rita Calmeiro
sexta-feira, julho 20, 2007
Barbara Cole Quem dera, fosse tão fácil, despir-me de ti como deste vestido, quando a areia da praia me namorisca os pés...
My heart Too pround to ask itself: would it be loved?
Fernando Pessoa
terça-feira, julho 17, 2007
Steven James Brown
Nem mais uma palavra. Nem uma direi de parto ou perto do ouvido vazio. Há outra luz, eu sei: não me condenarão. E à luz pasmada que sobre o mar se deita, calado, qual de barco, prenhe vou estoirar dispersado no vento – e então sussurrarei as letras que não leio – nem lerás.
Pedro Tamen
domingo, julho 15, 2007
Roberta Zanutto
Quando se perde alguém nunca é exactamente a mesma pessoa que regressa.
Sharon Olds
quarta-feira, julho 11, 2007
thomas kreyn
ainda te procuro. vejo-te nos lugares que tomaste para ti, toco-lhes e encontro a tua ausência.
minha voz nada diz, as palavras coladas à mágoa cristalizam-se nos lábios.
silvia chueire
segunda-feira, julho 09, 2007
Carla Salgueiro
querer é querer ser um nome. é querer ter um nome. é querer gritar um nome.
Vem de longe a tua voz. De tão longe que duvido de mim mesma ao ouvi-la. Será que te ouço ou será a mim mesma que escuto? Serão minhas as palavras que murmuras, serei ainda eu? Ou serão apenas ecos do amor que fui, que foste um dia?