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foi num tempo outro. quando os olhos não sabiam ler além da alma. muito além da
pele.
foi num tempo de palavras ditas com a boca à boca da noite. quando os dedos
(estes) não conheciam canetas e teclas. e não podiam apagar os quilometros
percorridos pelas mãos.
foi no tempo em que não se despedia o amor por carta, porque despedida não havia,
esperava-se chegar a morte para recomeçar o mesmo amor. de sempre em
outra vida.
um tempo que não é de agora, tão diferente de tudo e de mim. destas mãos
acostumadas às letras e à distância dos olhos. à desimportância da boca.
outro tempo:
tão longe e tão perto de mim
e do recomeço do amor.
mariza lourenço
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