terça-feira, abril 25, 2006



Meu querido

Escrevo-te do quarto onde não estás, olhando a porta por onde saíste, fechada na pergunta que te fiz:

- Ainda me queres?

Depois de saíres fiquei deitada um bom bocado num mar de dúvidas e lençóis molhados, telefonei-te e não atendeste, escrevi-te cartas vieram devolvidas, e eu na dúvida:

- Será que ele me quer?

Comprei vinte rolos de papel de parede e forrei o quarto todo a malmequeres e todos os dias desde que saíste, risco um malmequer e pergunto às pétalas:

- Será que ele me quer bem? Será que mal me quer?

Hoje escrevo-te do quarto onde não estás, olhando as paredes cheias de pétalas riscadas, deitada na cama seca e fria onde já não te deitas, olhando a porta por onde saíste e onde está colado o último malmequer e as pétalas riscadas como todas as outras disseram de ti que já não me queres.

Adeus.

encandescente

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