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tenho nas mãos o mar
que me ilumina os olhos,
a memória do corpo
a sulcar a água,
da água a navegar-me a pele.
o desejo de ti
a caminhar por mim ontem
como se fosse hoje.
silvia chueire
E não poder fugir, não poder fugir nunca, a este destino de dinamitar rochas dentro do peito...
1 comentário:
Momento
Chegado o momento
em que tudo é tudo
dos teus pés ao ventre
das ancas à nuca
ouve-se a torrente
de um rio confuso
Levanta-se o vento
Comparece a lua
Entre linguas e dentes
este sol nocturno
Nos teus quatro membros
de curvos arbustos
lavra um só incêndio
que se torna muitos
Cadente silêncio
sob o que murmuras
Por fora por dentro
do bosque do púbis
crepitam-me os dedos
tocando alaúde
nas cordas dos nervos
a que te reduzes
Assim o momento
em que tudo é tudo
Mais concretamente
água fogo música
David Mourão Ferreira
(VR)
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