sábado, abril 30, 2005
sexta-feira, abril 29, 2005
Há sem dúvida quem ame o infinito
Há sem dúvida quem deseje o impossível
Há sem dúvida quem não queira nada
-Três tipos idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser
ou até se não puder ser...
Álvaro do Campos
quinta-feira, abril 28, 2005
Era assim:
queres?
queres algo?
queres desejar?
desejas querer?
desejas-me?
desejas querer-me?
queres desejar-me?
queres querer-me?
queres que te deseje?
desejas que te queira?
queres que te queira?
quanto me
queres?
quanto me
desejas?
ah quanto te quero
quando te quero
quando me queres...
Ana Hatherly
um calculador de improbabilidades
terça-feira, abril 26, 2005
segunda-feira, abril 25, 2005
quinta-feira, abril 21, 2005
quarta-feira, abril 20, 2005
Não costumo responder a questionários, a não ser que seja obrigada a isso. Neste caso, e porque o desafio partiu daqui, aqui vai:
Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
Sinceramente? Nenhum.
Já alguma vez ficaste apanhadinha(o) por um personagem de ficção?
Ah, várias vezes!... Lembro-me de ter uma paixão pelo Principe Valente, personagem de banda desenhada dos meus tempos de criança.
Já bem mais tarde, adorei o Baltazar Sete-Sois ( e também a sua Blimunda), do Memorial do Convento. E claro que não se esgotam aqui os personagens que me seduziram ao longo da vida...
Qual foi o último livro que compraste?
A prisão e paixão de Egon Schiele, de Vasco Gato
Qual o último livro que leste?
Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
Sinceramente? Nenhum.
Já alguma vez ficaste apanhadinha(o) por um personagem de ficção?
Ah, várias vezes!... Lembro-me de ter uma paixão pelo Principe Valente, personagem de banda desenhada dos meus tempos de criança.
Já bem mais tarde, adorei o Baltazar Sete-Sois ( e também a sua Blimunda), do Memorial do Convento. E claro que não se esgotam aqui os personagens que me seduziram ao longo da vida...
Qual foi o último livro que compraste?
A prisão e paixão de Egon Schiele, de Vasco Gato
Qual o último livro que leste?
O voo da Rainha, de Thomás Eloy Martinez
Que livros estás a ler?
A prisão e paixão de Egon Schiele, de Vasco Gato, Sputnik meu amor, de Haruki Murakami e Relacionamentos e ciclos de vida, de Stephen Arroyo.
Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
Só cinco?
Cada vez que vou de férias, por curtas que sejam, vou absurdamente carregada de livros. Isso significa que me seria impossível escolher só cinco.
A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?
Não vou passar a ninguém, e apenas porque detesto correntes.
terça-feira, abril 19, 2005
Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade, para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei
Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso
Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo
Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento.
Sophia, Livro sexto
sábado, abril 16, 2005
sexta-feira, abril 15, 2005
Casida en la alta madrugada
Quando te acuerde de mi cuerpo,
y no puedas dormir y te levantes medio desnuda
y camines a tientas por tus habitaciones
borracha de estupor y de rabia,
en algún lugar de la tierra
yo andaré insomne por algún pasillo
careciendo de ti toda la noche
oyéndote ulular muy lejos y escribiendo
estos versos degenerados.
Felix Grande, España
quinta-feira, abril 14, 2005
Não escutes agora as minhas palavras, não as ouças,
olha o mar, a indolência com que a tarde cai.
Toca nos meus dedos a claridade feliz que entre eles
se furta, o renovar das ondas, impacientes e iguais.
Deixa que o sol te ilumine o coração,
que o seu desdobrado esplendor te cerre os olhos.
Sobre a areia, sente a eterna pegada do cansaço,
o insistente adejar da ternura que une os nossos corpos,
resvalando na pele última do amor.
Tudo o que vezes sem conta te quis dizer,
aquilo que as palavras na sua frágil bainha
não puderam resguardar, proteger, como a criança
o seu recanto de tristeza, está aqui, sob
esta luz, rumoreja rente à brisa.
Quando, numa outra tarde, a tua solidão se reflectir
na espuma, na límpida liberdade que dela emana,
detém-te um instante, contempla o que derradeiro é,
o que outras mãos, num anelo comum, comungaram.
Escuta então, esperançosamente, cada sílaba,
nunca a minha voz se ouvirá mais clara.
Juan Luis Panero, Antes que chegue a noite
quarta-feira, abril 13, 2005
sexta-feira, abril 08, 2005
Volta até mim no silêncio da noite
Volta até mim no silêncio da noite a tua voz que eu amo,
e as tuas palavras
que eu não esqueço. Volta até mim
para que a tua ausência não embacie
o vidro da memória, nem o transforme
no espelho baço dos meus olhos.
Volta com os teus lábios cujo beijo sonhei num estuário
vestido com a mortalha da névoa; e traz contigo a maré cheia da manhã com que todos
os náufragos sonharam.
Nuno Júdice
quarta-feira, abril 06, 2005
Vestido de cavalo e fina seda
e coberto de escamas luminosas
é como se tivesse uma outra idade
(a verdadeira) e o jovem corpo
capaz de atravessar muros e medo.
Inclinarias sobre a minha boca
um nome arrevesado com sabor
a terras estrangeiras visitadas
secretamente, em noite toda escura,
envolto, nu, em glória impermeável.
Vais-me dobrar em dois como se dobra
um dia que passou sem nada dentro,
o velho ardor de nuvens encardidas;
sem ver na minha voz como cantava
ao telefone a sombra da memória
do desejo que dói como um veneno.
António Franco Alexandre (Quatro Caprichos)
segunda-feira, abril 04, 2005
domingo, abril 03, 2005
sábado, abril 02, 2005
Preparação para a morte
A vida é um milagre.
Cada flor,
Com sua forma, sua cor, seu aroma,
Cada flor é um milagre.
Cada pássaro,
Com sua plumagem, seu vôo, seu canto,
Cada pássaro é um milagre.
O espaço, infinito, é um milagre.
O tempo, infinito,
O tempo é um milagre.
A memória é um milagre.
Tudo é milagre.Tudo, menos a morte.
– Bendita a morte, que é o fim de todos os milagres.
Manuel Bandeira, Estrela da Tarde, in Estrela da Vida Inteira, Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1993
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