quarta-feira, agosto 31, 2005

Final















Quero acabar como uma gata,
beber leite em tigelas de barro,
comer peixe fresco e fetos.
Quero ser uma gata para me deitar
entre os livros que estás a ler,
deixar pêlos meus pela casa toda,
arranhar-te as pernas.
Quero acabar como uma gata,
para que me fales quando estiveres só,
convencido de que nunca te vou compreender,
rasgar-te papéis importantes,
extraviar adornos de valor.
Quero ser uma gata para de noite subir aos telhados
e ouvir-te desesperado a chamar-me:
Miau, miau, miau, miau...


Zoé Valdéz

2 comentários:

Anónimo disse...

Arranham-te as carnes, minhas garras de fêmea no cio.
como uma gata vadia, me enrolo em teus braços
endeusando teu corpo - objeto do meu desejo -,
como se nosso gozo nos perpetuasse amantes,
como se a satisfação pudesse fazer brotar amor
desse teu coração petrificado e frio...

Tento rasgar-te a pele, chegar ao teu âmago,
fazer sangrar teu peito, de emoção e prazer,
como se houvesse uma entrada para mim;
como se meu corpo fizesse amor com tua alma,
e tua alma fizesse moradia em meu corpo...

Lânguidos de prazer, depois do ato,
busco um brilho em teu olhar opaco,
sondando o que está parado no ar:
estáticos carinhos, mecânicos,
isentos do sentimento que pretendo,
em ti, despertar...

Somos muitos quando nos separamos,
somos dois quando nos encontramos,
mas como separar amor e cama
se formamos um quando nos deitamos
e se ainda te desejo quando não estás?

Thaty Marcondes

Ima disse...

Lindo!
Obrigada, o'sanji...