quarta-feira, agosto 31, 2005

Entra



















entra no meu corpo
como se fosses dono
de posse que te foi dada.

entra em mim
todo mãos, lábios, pele,
perdição murmurada.

mesmo que não seja assim
e tudo seja sonho,
antecipação,
delírio.

silvia chueire

2 comentários:

Anónimo disse...

Chega-te a mim! entra no meu amor,
E e à minha carne entrega a tua carne em flor!
Preme contra o meu peito o teu seio agitado,
E aprende a amar o Amor, renovando o pecado!
...
Olavo Bilac

Anónimo disse...

... às vezes o teu amor
É como o mel que embriaga
Mas às vezes como açoite,
Me corta o corpo em pedaços

E então me olhas com raiva,
Me humilhas, me maltratas
E tua língua tem o frio
Fino corte das navalhas.

Tuas palavras são farpas,
Punhal que fere e que mata.
Me desprezas como coisa
Que se usa e se despreza,
Como uma negra fugida
Que o feitor persegue e caça.

Triste amor que me separa
De minha terra e de tudo,
Amor que engole os minutos
Como cobra engole o rabo,
Amor que aponta o caminho
Mas não dá o itinerário,
Amor que arma suas velas
Mas depois afunda o barco,

Amor que arde em meu corpo
Como círio nos altares,
Como lâmpada na parede,
Lanternas que o vento apaga.

Myriam Fraga