terça-feira, junho 03, 2008

a espera


Jardis Koppe


havia apenas o mar nos olhos, uma vaga aflição e a espera amorosamente tecida nas canções,
quando a lâmina tirou-lhe a voz da garganta e o oceano do peito. de um só golpe decepou-lhe a
realidade e o sonho.


todas as justificativas para a dor são injustificadas quando o amor é óbvio e olha com olhos de
esperança. recapitulados os dias perfeitos, impecáveis, indescritíveis dias de fascínio, nada mudou.
como se um furacão de acontecimentos não a tivesse surpreendido.


"entre as quatro paredes do meu peito, só eu sei. só eu sei o que espero e o que desespero", foi a
única pista rara vez sussurrada a alguém.


no mais, permanece sentada à mesma janela de sempre. diz coisas incompreensíveis vez em
quando. lê um livro.ouve música. olha em torno como se acordasse do sono, entoa alguma canção
qualquer, vai e volta, sorri, diz às pessoas coisas gentis, prováveis. mas permanece lá, nas noites
inquietas, a conversar com ele que já não está. a espera, o desespero, raramente visíveis.

na sala, no quarto, no corpo, em todo lado os sinais da vida desfeita, que só ela sabe.

silvia chueire

1 comentário:

Anónimo disse...

Errado!
É que amor só rima com ...dor. Mesmo!

VR