É dentro da cabeça, lá dentro, que o tempo nos consome e nos faz falta. ... Por isso, é dentro da cabeça, cá dentro, para lá dos céus, antes que o mar termine, nesta imensa confusão de meridianos que nos dói e nos deslumbra, que se aloja o segredo indecifrável: a cor, o som, a luz que nos conforta, neste intensamente breve instante que é o tempo que nos cabe.
O coração guarda o que nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não está lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Vem de longe a tua voz. De tão longe que duvido de mim mesma ao ouvi-la. Será que te ouço ou será a mim mesma que escuto? Serão minhas as palavras que murmuras, serei ainda eu? Ou serão apenas ecos do amor que fui, que foste um dia?